No dia 23 de setembro, o psicólogo Dimilson Vasconcelos Bezerra participou de uma videoconferência sobre "Comunicação Difícil em Saúde", parte da programação de Educação Continuada promovida pela Comissão de Ética Médica. O evento, realizado via Zoom, destacou a complexidade da comunicação em ambientes hospitalares, especialmente em situações delicadas. Durante sua apresentação, o psicólogo enfatizou que a comunicação em momentos críticos — como a entrega de diagnósticos, prognósticos ou notícias de óbito — envolve diversos fatores, incluindo os valores e crenças pessoais dos profissionais de saúde. “A comunicação deve ser clara e empática, pois 80% das notícias dadas em hospitais têm um impacto significativo na vida do paciente”, afirmou.
Dimilson ressaltou ainda a importância de uma formação acadêmica que inclua a comunicação em saúde. Embora algumas universidades já abordem esse tema em seus currículos, a maioria ainda carece de treinamentos focados na comunicação empática e compassiva em situações críticas. Ele também destacou o desafio da integração de profissionais de psicologia nas equipes de saúde, que é fundamental para o cuidado integral do paciente. A escuta ativa e a validação das emoções foram destacadas como essenciais para garantir que os pacientes compreendam plenamente as informações que recebem.
Outro ponto importante abordado foi o impacto emocional que a comunicação de más notícias pode ter nos profissionais de saúde, que frequentemente lidam com a dor e o sofrimento dos pacientes. Esse estresse emocional pode levar ao burnout e até ao autoextermínio, evidenciando a necessidade de autocuidado entre os profissionais. “Antes de serem profissionais, os médicos são pessoas que carregam suas próprias histórias e emoções. É crucial refletir sobre como estão se sentindo antes de transmitir notícias difíceis”, destacou o psicólogo.
"A comunicação com pacientes terminais que necessitam de cuidados paliativos é extremamente complexa. Muitas vezes, o médico hesita em se pronunciar, seja por medo de ferir a ética ou pela dificuldade de encarar a situação. O objetivo da comissão é esclarecer maneiras eficazes de se comunicar e fornecer ferramentas que ajudem os profissionais de saúde a estabelecer uma comunicação mais efetiva", ressaltou Wagna Teixeira, gerente de Educação Continuada do HGG.
"Considero fundamental que a Comissão abra espaço para discutir um tema tão recorrente nas rotinas hospitalares. Estamos constantemente comunicando, seja um diagnóstico, um prognóstico ou os resultados de exames e biópsias, todos impactando diretamente a vida do paciente. Essa aula foi especialmente voltada para o público médico, e vejo isso como um grande avanço da instituição. É crucial que os profissionais de saúde recebam informações que os ajudem a realizar comunicações mais assertivas e empáticas", declarou Dimilson Bezerra, ressaltando a importância de capacitação contínua para aprimorar a comunicação na área da saúde.
A videoconferência foi uma oportunidade para os profissionais discutirem e aprimorarem suas habilidades de comunicação, essenciais para o bem-estar dos pacientes e para a saúde mental dos próprios profissionais. O psicólogo concluiu que a boa comunicação é fundamental para transformar o cuidado em saúde em um ato verdadeiramente humano, destacando a importância de refletir sobre como gostaríamos de ser tratados em momentos de vulnerabilidade e dor, garantindo que a comunicação seja sempre feita com empatia e respeito.