03/02/2025 - Goiás celebra liderança em ranking nacional de cirurgias de redesignação sexual em solenidade no HGG



Cerimônia também anunciou o início da dispensação de hormônios para todos os pacientes em acompanhamento ambulatorial no hospital

Em evento em comemoração ao Dia da Visibilidade Trans, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi – HGG, realizou uma solenidade para comemorar o feito de ser o estado que mais realiza cirurgias de redesignação sexual do país. Entre dezembro de 2023 e outubro de 2024, Goiás, através do HGG, realizou 26 procedimentos do tipo, enquanto o Rio de Janeiro, segundo colocado da lista, ficou com 17 cirurgias, segundo dados do DataSUS. Além de comemorar a conquista, também foram feitos anúncios de melhorias no Serviço Transexualizador do HGG.

A partir do dia 1º de fevereiro, o HGG passa a ofertar a dispensação de medicamentos para hormonioterapia para a população trans. A partir do anúncio, os pacientes trans poderão ter acesso aos hormônios na própria unidade, com acompanhamento de um farmacêutico. Sem o acompanhamento adequado, muitos homens e mulheres trans iniciam a hormonização por conta própria, o que pode gerar complicações no fígado e doenças como osteoporose.

Durante a cerimônia, foi feita a entrega simbólica do medicamento a pacientes que aguardavam por este serviço, uma antiga reivindicação da comunidade trans. Por causa do custo, é comum o uso de hormônios por conta própria, gerando uma série de complicações de saúde.

Durante o evento, a subcoordenadora de Pessoas em Situação de Rua e LGBTQIAPN+ do Núcleo Especializado de Direitos Humanos (NUDH), defensora pública Ketlyn Chaves, relembrou a trajetória dos pacientes que buscaram a defensoria para garantir acesso ao tratamento. Ela destacou que a Instituição ajuizou várias ações individuais nos últimos anos para hormonioterapia.

“A hormonioterapia é um direito fundamental da pessoa trans. Nós nos reunimos com o Estado e com o Idtech, que cumpriram a promessa da dispensação extrajudicial da hormonioterapia. A Defensoria Pública está muito feliz e nos colocamos inteiramente à disposição dos pacientes do Ambulatório TX”, disse a defensora pública.

Outra melhoria que também passará a ser ofertada à população trans é a terapia de readequação vocal. O hospital adquiriu um software que analisará a voz dos pacientes e produzirá um diagnóstico. A partir dos dados produzidos pelo programa, os fonoaudiólogos da unidade poderão traçar estratégias e criar exercícios para adequar a voz ao gênero dos pacientes.

A aquisição do software atenderá a demanda de pacientes que sofrem de disforia vocal, um desconforto que é caracterizado pela percepção de desconexão entre a voz percebida e a voz desejada, o que contribui significativamente para a angústia relatada por pessoas transexuais.

O coordenador do Serviço Transexualizador do HGG, João Lino Franco Borges celebrou as conquistas e afirmou que o atendimento seguirá em evolução. "A voz é uma ferramenta de expressões de emoções, transmissão de ideias e intenções. Sendo uma parte essencial da identidade. Desde a habilitação do serviço, em 2023, estamos passando por evoluções constantes, o que torna este serviço cada dia mais completo”, disse.

O secretário adjunto de estado da saúde, Sérgio Vencio comemorou os feitos alcançados em Goiás em relação à saúde das pessoas trans. “O que temos feito em Goiás é um grande exemplo para todo o Brasil. A SES e o HGG tem um compromisso com a inclusão. O fato de liderarmos no ranking de redesignação sexual mostra que estamos no caminho correto e nos dá força para alcançarmos mais pessoas”, disse.

O secretário também lembrou que Goiás está ampliando este atendimento para o interior do estado. “Hoje nós começamos o treinamento básico às equipes das policlínicas de Formosa, Goianésia, Quirinópolis e São Luiz de Montes Belos. Nossa ideia é multiplicar o serviço ambulatorial que é feito aqui, para outras cidades do estado. Isto é regionalizar a saúde”, contou. Atualmente, as policlínicas de Senador Canedo e Itumbiara já ofertam atendimento especializado ao público trans.

FORÇA-TAREFA

Neste mês de janeiro, o HGG está realizando uma força tarefa de cirurgias do processo transexualizador, com o objetivo acelerar a fila atual da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A unidade está finalizando o mês de janeiro com 36 cirurgias realizadas, proporcionando uma resposta há muito esperada pelos pacientes.

O PROJETO TX

Criado em 2017 para oferecer acompanhamento médico e multiprofissional a transexuais, travestis e outras identidades de gênero, o Serviço de Identidade de Gênero, Transexualidade e Desvios da Diferenciação Sexual – Ambulatório TX já realizou 15.511 atendimentos, 4.034 só no ano passado.


O HGG foi a primeira unidade pública estadual a oferecer tal serviço em Goiás com atendimentos ambulatoriais, estabelecendo uma rede de cuidados e de acordo com as normatizações do Ministério da Saúde nas especialidades de ginecologia, cirurgia plástica, psiquiatria, urologia, psicologia e fonoaudiologia. Na parte ambulatorial, são realizadas ações de acompanhamento clínico, destinado a promover atenção especializada no processo transexualizador.



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